Sempre gostei de ler, mas não sabia nada de literatura. Depois de dois anos na Oficina de Criação Literária Clarice Lispector aprendi a admirar não só o conteúdo, mas, sobretudo, a forma de escrever. Têm sido inúmeras descobertas. Quando me integrei ao grupo, eles haviam acabado de ler a Paixão Segundo GH. Eu conhecia Clarice só de nome e pelo amor que ela tinha pelo nosso Recife, onde passou a infância. Pena que a cidade não tenha, até hoje, correspondido a esse amor. O primeiro livro que li dela foi justamente A Paixão Segundo GH. Confesso que o fiz sem parar, sem procurar entender. O forte fluxo de consciência me confundiu e porque não dizer, fundiu meus miolos. Aquilo me intrigou. A curiosidade sobre a escrita dela me fez continuar a ler seus livros. Li mais recentemente o seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem. Ela começou botando pra quebrar. É uma escrita ousada, singular, inconfundível. Continuei, estou lendo a Hora da Estrela, seu último livro. Encontro-me extasiada com a forma de contar a história da nordestina. Sim, desta vez tem uma história. Não tenho condições de falar mais sobre sua obra. Há muito caminho a percorrer. Deixo aqui minha singela homenagem à nossa conterrânea e madrinha da Oficina. Salve Clarice!
Sou leitora desorganizada, não guardo datas nem faço anotações, minhas memórias organizam-se em geral junto a outros acontecimentos… não sei quando nem onde li Clarice pela primeira vez, mas lembro o visceral impacto que foi ler A via crucis do corpo e da agonia de acompanhar Macabéa em A hora da estrela, da surpresa e dor que senti por sua morte, e da minha não aceitação.
Li crônicas nas revistas ao tempo que saíam semanalmente; seu primeiro romance Perto do coração selvagem li recentemente.
Da literatura infantil, lera à época de filhos na escola, A vida íntima de Laura. Ultimamente li A mulher que matou os peixes, proposto e disponibilizado pela colega Graça Lins, estudiosa da obra literária infantil de Clarice; interessante foi ler pela primeira vez junto com meu neto de oito anos, que fez sua análise crítica.
Não esmiucei sobre sua vida, mas sempre soube ter morado em Recife em sua infância, onde se fez brasileira após aqui chegar estrangeira, onde viveu seus desejos de menina fantasiada à porta de casa para brincar um carnaval; de onde saía de madrugada à praia em Olinda. Ela se fez tão perto e tão próxima com sua casa ali na Praça, fonte à frente, a brincar nas ruas do Bairro da Boa Vista, a gente a passar na calçada e a se dizer, aqui morava Clarice Lispector. Esse pertencimento às ruas do Recife, tal Bandeira e João Cabral, Josué de Castro, nesse caminhar e atravessar as pontes do Recife, as mesmas que atravessamos, faz que ela também nos pertença e a ela nos refiramos como a uma vizinha.
Vi uma peça sobre ela no Teatro Santa Isabel, Beth Goulart a incorporou em interpretação extasiante; rimos, nos encantamos, sofremos e choramos na platéia, adrenalina não faltou em sua vida, além de nicotina, como fumava!
A paixão segundo G.H. ficou anos à espera de ser lido. Na Oficina de Criação Literária Clarice Lispector o lemos enfim em 2018, aceito após instigarmos o grupo, com viageiros divididos sobre sua leitura ou não. Eu sabia que era um livro para ser lido com a coragem de um grupo; foi essencial ter companhia para o ler junto, mesmo que da metade para o final viajei e o lia sozinha mas havia o grupo para discutir e me apoiar, trocar figurinhas mesmo que do outro lado do mundo.
Em março de 2019, o colega Júnior enviou um presente por e-mail, um arquivo com Todas as Crônicas, que passei a ler devagarinho. Ah Clarice! não são apenas crônicas, são viagens ao interior, dela própria e nosso, passei a parar e me extasiar e muitas vezes a reler a mesma crônica ou trechos delas, refletir sobre memórias.
Clarice passou a ser minha companhia diariamente quando deitava, de novo no Japão de setembro a dezembro/2019, como uma melhor amiga que nos ouve e nos ajuda a pegar no sono diante de tantas preocupações na cabeça em momentos difíceis. A me inspirar mais uma vez, como ser vivente, com suas dúvidas, ansiedades e agonias nas escolhas, com indignações diante do que se vê no mundo, ou enfados, retraimentos, incertezas, mas também encantamento diante do belo. Mas acima de tudo, com a fé no humano, na busca de si e ser quem se é, no caminho. Afinal, a vida é apenas uma, e muitas vezes há que se provar do que não se gosta e enfrentar o medo e seguir, seguir e seguir. És crê ver, escrever, deixar sair aos borbotões até se esvaziar das agonias e ter momentaneamente alguma paz, diminuir angústias, esvaziar a cabeça, matar a fome.
Gratidão a Clarice, que nos inspira e nos dá essa permissão de escrever sobre o que seja, sem maiores cobranças de publicar ou agradar, escrever por necessidade.
Só uma escritora diferenciada, por muitos comparada a Virgínia Woolf e a James Joyce, poderia se dar ao desplante de iniciar um romance com uma vírgula e terminá-lo com dois pontos. Como em Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres:
, estando tão ocupada, viera das compras de casa que a empregada fizera às pressas porque cada vez mais matava o serviço, embora só viesse para deixar almoço e jantar prontos[…]
…
–Eu penso, interrompeu o homem e sua voz estava lenta e abafada porque ele estava sofrendo de vida e de amor, eu penso o seguinte:
Na Oficina de Criação Literária Clarice Lispector encontrei esse ser de mistério chamado Clarice. Autora diferente, sua escrita é dotada de ângulos, aspectos e faces mais que enigmáticas, misteriosas. Mistério! Ou charada? Textos herméticos, permeados por silêncios, numa alquimia linguística habitada por sentidos tácitos e quebras de regras, inclusive de pontuação, onde se procura um enredo e, em certas ocasiões, depara-se com um desenredo.
Muito já se falou e se escreveu sobre ela. O motor de busca Google informa mais de cinco milhões de páginas digitais que citam ou falam de Clarice. O que eu poderia dizer sobre ela que ainda não foi dito? Só posso afirmar que, do que já li de sua obra e das notícias que a mim chegaram, algumas ocorridos são marcantes. Por exemplo, minha sobrinha-neta Clarice, também neta da colega de Oficina Adelaide Câmara, tem seu nome numa homenagem de Roberta, a mãe, à notável escritora. Outra coisa, a obra de Clarice, mesmo não sendo fácil, teve, até hoje, mais de duzentas traduções para mais de dez idiomas. Universidades pelo mundo afora, com destaque para os Estados Unidos e Portugal, oferecem cursos sobre sua criação literária. Quem entende diz que três fatores explicam essa notável aceitação de Clarice Lispector por leitores estrangeiros: o substrato universal de sua literatura, sua atividade como jornalista e o trânsito internacional da autora.
Casada com um diplomata, falava sete idiomas e viajou muito. Morou em Nápoles, na Itália, na Suíça, na Inglaterra e em Washington, nos Estados Unidos. Sua atividade como jornalista e tradutora a levou a trabalhar no Jornal do Brasil, no Correio da Manhã, no Diário da Noite e nas revistas Senhor, Manchete e Fatos e Fotos. Escreveu quatorze romances, quase quinhentas colunas, publicou mais de cem textos e trezentas crônicas. Atuou, em 1952, no tabloide antigetulista Comício, com os pseudônimos de Tereza Quadros e Helen Palmer.
Considerava-se recifense, mas nasceu, a 10 de dezembro de 1920, em Chechelnyk, na Ucrânia e teve como nome Chaya Pinkhasovna Lispector. Chegou ao Brasil em 1922, entrando por Maceió, vindo, de lá, para o Recife, onde virou Clarice e viveu até os 14 anos num sobrado da praça Maciel Pinheiro, na Boa Vista. No conto Felicidade Clandestina conta a história de uma menina do Recife apaixonada por Monteiro Lobato. Aqui, fez o curso primário no Grupo Escolar João Barbalho e estudou no Ginásio Pernambucano. Depois, foi com a família para o Rio de Janeiro, onde cursou Direito.
No que diz respeito ao substrato universal de sua literatura, aprendi com Carlos Eduardo Pinto Carvalheira, no artigo A Literatura em Clarice e a Psicanálise em Lacan, que, ao analisar as epifanias na singularidade de Clarice, Joyce ou Lacan, focaliza também algo de essencial e comum que está presente na maioria das epifanias dos três, que são as metáforas de não suposição, ou de negação, também conhecidas como metáforas de colisão…Pode-se perceber que há algo de comum nas epifanias dos três: todos três falam epifanicamente – têm na língua o mesmo corte espantoso do Zen. Mas Clarice, no silêncio de sua estranha e poética língua – em carne viva, no Real, nos beija – nos beija divinamente… diabolicamente.
Ouve-me, ouve o silêncio. O que te falo nunca é o que eu te falo e sim outra coisa. Capta essa coisa que me escapa e, no entanto, vivo dela e estou à tona de brilhante escuridão […]
Cortes como estes, no meu entendimento, provocam a quebra da lógica racional evitando o comum, o usual, o concordante. Despertam o leitor para uma iluminação súbita ou cheia de graça. Como o palhaço engraçadamente faz rir a criançada —e alguns poucos adultos— quando, ao caminhar, tropeça nos próprios pés e cai, epifanicamente, de cara no chão, exemplo maior de umametáfora de colisão.
Só que, lembra, ainda, Carlos Eduardo Pinto Carvalheira:
Clarice escreve com o corpo sangrando de angústia – em carne viva. A epifania de Clarice não tem como objetivo a felicidade, mas sim a iluminação súbita de sua verdade avassaladora, em contraste com a futilidade da vida.
De Clarice, não sei dizer tantas coisas sobre a sua vida. Mas as notícias de conversas, de documentos escritos sobre ela chegam ao meu conhecimento de qualquer maneira. Sei que a vida dela foi bastante singular e as biografias sobre ela poderiam me aproximar mais dos seus livros, que gosto tanto de ler.
Não sei que distância é essa que procuro, ficar
lendo seus romances, seus contos, suas cartas e até suas entrevistas, tudo isso
é mesmo uma fascinação. A vida ingênua de Macabéa, li e reli várias vezes, não
me conformo com aquela cartomante, que poderia lhe ter oferecido um destino
melhor. De Água Viva, o chamado meta-romance, reli vários parágrafos, ora
apreciando sua criação literária, ora questionando construções conceituais que
me levam à dimensão lacaniana do Real. O estranhamento não está presente somente
no desafiante Paixão Segundo G H, perpassa em grande parte da sua obra, a
tensão e a surpresa são inevitáveis.
Imaginar Clarice e seu mundo, às vezes me
surpreende mesmo, penso nela como uma dona de casa nos seus afazeres. Com discrição
e devagar, entro na sua casa furtivamente, sem me deixar perceber e a encontro
com um vestido simples, de sandálias, sem lenço na cabeça, nem no pescoço,
estendendo as roupas lavadas no varal. De volta para a sala, passa na cozinha,
mexe a panela do feijão com uma colher de pau e experimenta o sal. Pega no
balcão o que parece frango temperado e coloca no forno. Na mesa da sala, seus
dois filhos e mais uma menina da vizinha, fazem os deveres de casa. Ela olha o
que as crianças estão fazendo, diz algumas coisas, sem interromper os
estudantes. Senta-se na poltrona junto ao sofá. Na mesinha do lado, pega a sua
máquina de escrever e a coloca no colo, ajeita o papel, relê as poucas páginas
amontoadas que já foram escritas, fica parada, pensando, rabisca com o lápis
algumas anotações, que me parecem breves. Volta para a máquina e recomeça a
escrever, tocando as teclas num ritmo cadenciado, acompanhado da atenção do seu
olhar.
Puxa vida, queria saber o que ela está
escrevendo, mas a distância não me permite. Agora, tenho que ir embora, vou
sair do mesmo jeito que entrei, sem que ninguém me veja.
Já no meu
gabinete, paro de viajar com esses pensamentos invasivos. Na estante, pego o
Legião Estrangeira, abro e o coloco no suporte, ligo a minha câmera de leitura
e aterrisso nos escritos de Clarice.
João Pessoa, 10
de dezembro, Dia dos Direitos Humanos, 2020.
Crítica literária: Escrituras V (por Paulo Caldas)
Publicado em 08/07/2020 por Revista algomais às 15:02114
* Paulo Caldas
Com afagos e dengos, estes amantes da literatura reúnem mimos de letras polidas em Escrituras V – Velas a Barlavento, produção editorial da Oficina de Criação Literária Clarice Lispector, organizada pela escritora Lourdes Rodrigues (Editora Nova Presença, 2019).
Os textos, ninados por acalantos, embalam contos, cordéis, poemas, artigos e crônicas nutridos pelo talento de 18 escritores (com dois artistas visuais, entre eles), celebrados em temas livres. A coletânea exibe na mesma tela gente com expertise na lida do escrever (já a partir das orelhas) e nomes premiados de mãos dadas com autores com menos passos andados nas veredas literárias.
Visto pelo todo, quem lê por certo vai creditar surpresa à “Violação”, novela coletiva, tecida por meia dúzia de mãos, com tema intimista, compartilhado num drama pungente, chocante, esculpido na primeira pessoa com requintes técnicos elogiáveis (passagens de tempo e vozes entrecruzadas) que tornam a presença do leitor testemunha de cada cena.
Outro momento marcante está contido em “Encontro de Rios’, que se traduz num beijo de história em forma poética, acarinha os rios enlaçados sob as vistas gentis de um Recife adolescente em uma Olinda airosa.
Seria pecado não citar o projeto visual: concepção de capa de Paulo Gusmão, cortinas aquareladas, tecidas de fino trato de Adíla Morais, com mensagens expressivas de ícones literatos e a diagramação de Nélson Reis.
Outras tantas referências elogiosas caberiam neste comentário, a exemplo dos encontros com Fernando Pessoa, Calvino, Clarice, contudo, ficam preteridas pela obediência aos espaços recomendados pelo editor.
TRAÇO FREUDIANO VEREDAS LACANIANAS ESCOLA DE SPSICANÁLISE
OFICINA DE CRIAÇÃO LITERÁRIA CLARICE LISPECTOR
PROPOSTA DE PROGRAMAÇÃO PARA 2020
Data de
início – 05/02/2020
Horário
– Quartas-feiras de 14h00 às 16h00
Local: Traço Freudiano Veredas Lacanianas Escola de Psicanálise – Rua
Alfredo Fernandes, 285, Casa Forte – Recife- PE
Contatos –Fone: 3265-5705 (Luciene).
Blog: www.traco-freudiano.org/blog
E-mail:
oficinaclaricelispector@googlegroups.com
O tema para direcionamento de
leituras e escritas será a condição humana: o vazio, a angústia, o ser ou não
ser, o medo da morte, o desejo, o amor, a culpa, o ódio, a frustração, a
paixão, a falta, a solidão, o sonho, a fantasia. Fontes primárias dos
escritores que estão bem adiante das pessoas comuns no conhecimento da
mente humana, segundo Freud. Elas permitem a tessitura de tramas que se tornam
grandes obras literárias. Desvendar o homem através de seus sentimentos, diante
de determinadas circunstâncias, é o peregrinar contínuo do escritor ficcional e
o que o diferencia dos demais escritores.
Para apoio à análise das obras
selecionadas e à escrita dos participantes será aprofundado o estudo de
elementos narrativos fundamentais: tipos de narrador e de focos narrativos; e
nuances para construção de diálogos.
Como vai
funcionar:
Leitura e análise de poema, conto ou peça teatral
de autores selecionados.
Leitura e análise dos escritos dos participantes.
Leitura de Teoria Literária e exercícios de
técnicas quando o contexto assim o exigir.
Participantes:
Interessados em desbloquear a escrita, viajar pelas
emoções através da Literatura, do mistério e deslizamento das palavras;
Escritores, potenciais escritores e críticos
literários movidos pelo desejo de escrever e realizar leituras que ultrapassam
os significados das palavras e deslizam para seus outros sentidos.
Bibliografia:
Sugestões
de Material Teórico
ECO,
Umberto – Confissões de um Jovem Romancista, Editora Record.
LEITE,
Lígia Chiappini Moraes – O Foco Narrativo, Editora Ática.
MCKEE,
Robert – DIÁLOGO – A Arte da Ação Verbal na Página, no Palco e na Tela, Editora
Arte e Letra.
Sugestões de Contos:
ANTUNES, Lobo – A História do Hidroavião –
digitalizado
PEIXOTO, José Luiz – Aqui, Aqui, Aqui –
digitalizado
ROSA, João Guimarães – Nada e a nossa condição –
digitalizado
TAVARES, Gonçalo M – A Moeda – digitalizado
VILELA, Luiz – Confissão – digitalizado
– O Buraco –
digitalizado
Lourdes Rodrigues publicou
dois livros de contos: Bandeiras Dilaceradas e Situação-Limite,
pela Bagaço. Organizou, prefaciou e
participou dos cinco livros Escrituras, que contemplam textos literários
dos participantes da Oficina relativos aos períodos 2006/2019. Coautora de rodopiano, e de A
Criação Literária à Luzdo livro Incidentes em um Ano Bissexto de
Luiz-OlinthoTelles da Silva. Publicou ensaios na Revista Veredas.
Membro do Traço Freudiano Veredas Lacanianas Escola de Psicanálise desde 2003,
onde participa, atualmente, do grupo de Arte e Psicanálise. A partir de 2006
passou a coordenar a Oficina de Criação Literária Clarice Lispector.
Além das leituras realizadas durante a viagem pelos mares das palavras às quartas-feiras, já registradas no prefácio de Escrituras V, Velas a Barlavento, somos leitores ávidos e muitas outras leituras foram feitas por cada um durante o ano de 2019. Para dividirmos algumas dessas leituras criamos o Carrossel Literário, momento em que levamos livros para compartilhar, resultando num troca troca muito agradável. Além disso, alguns viageiros, entre eles eu me incluo, fizeram uma lista dos livros lidos durante o ano, que apresento aqui.
Meus Livros: com certeza esqueci de alguns. Esses foram os lembrados.
– A Máquina de Fazer Espanhóis – Valter Hugo Mãe
– Palmeiras Selvagens – William Faulkner
– A Praia de Manhattan – Jennifer Egan
– A Visita Cruel do Tempo – Jennifer Egan
–Eu sei por que o pássaro canta na gaiola – Maya Angelou
– O caminho de Casa – Yaa Gyasi
– No seu pescoço – Chimamand Ngosi
– Essa Gente – Chico Buarque
– Prohibido Morir Aqui – Elizabeth Taylor
– The Reckoning – John Grisham
– Rushing Waters – Danielle Steel
– Romancista como vocação – Haruki Murakami
– Mulher Desiludida – Simone de Beauvoir
– Um Homem Bom é Difícil de Encontrar – Flannery O’Connor
– A Velocidade da Luz – Javier Cercas
– Prólogo, Ato, Epílogo: Memórias – Fernanda Montenegro
– De amor e Trevas – Amós Oz
– Elza – Zeca Camargo
– A Arte da Sabedoria – Baltasar Gracián
– Como se Faz Literatura – Affonso Romano de Sant’Ana
– Contos Completos – Flannery O’Connor
– Quarenta Dias – Maria Valéria Rezende
– Silêncio – A biografia de Maria Theresa Goulart – Wagner William
– Caetano – Biografia – Caetano Veloso
— Livros e Borrachas – Eduardo Ericson
– E a História Começa – Amóz Oz
— O Dilema do Porco Espinho – Leandro Karnal
– La Habana Vieja: olhos de ver – Políbio Alves
– A Leste dos Homens – Políbio Alves
– O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação – Haruki Murakami
– A flor Lilás e outros contos – Ricardo Braga
– Um Conto de Natal – Charles Dickens
– Laços – Domenico Starnone
– Amor Incômodo – Elena Ferrante
Livros que li em 2019 (que eu me recorde)
Elizabeth Freire
1.0 -O filho de mil homens – Valter Hugo Mãe
2.0 – Praia de Manhatan – Jennifer Egan
3.0 – Romancista como vocação – Haruki Murakami
4.0 – O incolor Tsukuru Tazaki e seus anos de peregrinação- Haruki Murakami
5.0 – IQ84 (volume I) – Haruki Murakami
6.0 – Contos mais populares e os menos conhecidos de Machado de Assis
7.0 – A Paixão segundo G H – Clarice Lispector
8.0 – O Grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald
9.0 – Dias de abandono – Elena Ferrante
10.0 – O estrangeiro – Albert Camus
De alguns gostei muito, de outros nem tanto e de poucos não
gostei.
O que mais me chamou atenção pela sutileza dos personagens, pelo estilo encantador e pela mensagem de esperança foi o Filho de Mil Homens – de Valter Hugo Mãe.
Os 10 melhores livros que li (ou reli) em 2019
Fernando Gusmão
1.0 – A Intermitência da Morte, de José Saramago
2.0 – Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
3.0 – Para viver em paz – O milagre da mente alertado, de
Thich Nliât Hanli
4.0 – A ilha do conhecimento: os limites da ciência e a busca
por sentido, de Marcelo Gleiser.
5.0 – Quincas Borba, de Machado de Assis
6.0 – O Velho e o Mar, de Ernest Hemmingway
7.0 – Os homens que não amavam as Mulheres, de Stieg Larsson
8.0 – O terrorista elegante e outras histórias, de Mia Couto
e José Eduardo Agualusa
9.0 – A Livraria dos Finais Felizes, de Katarina Bivald
10.0 – Um amor incômodo, de Elena Ferrante
Livros lidos em 2019
Paulo Tadeu
Uma breve história da filosofia
Nigel Warburton
Pantera no porão
Amós Oz
Frufru Rataplã Dolores
Dalton Trevisan
A mulher mais linda da cidade e outras histórias
Charles Bukouwski
O fim do ciúme e outros contos
Marcel Proust
Mayombe
Pepetela
A noite em questão
Tobias Wolff
O homem que queria ser rei e outros contos
Rudyard Kipling
O estranho caso do Dr. Jekill e do Sr. Hide
Robert L. Stevenson
O ladrão de cadáveres
Robert L. Stevenson
Moby Dick
Herman Melville
Histórias dos mares do sul
W. Somerset Maugham
A morte de Olivier Bécaille
Èmile Zola
A promessa; A pane
Friedrich Dürrenmatt
Adeus às armas
Ernest Hemingway
Havana para um infante defunto
G. Cabrera Infante
Livros lidos em 2019
Lilia Gondim
Nº
Autor
Título
Obs
1
ErnestHemingway
Um lugar limpo e bem Iluminado
Conto isolado
2
Flannery ’Connor
Contos completos
3
Javier Cercas
A velocidade da luz
Conto isolado
4
Diana Gabaldon
Outlander livro 6
5
Diana Gabaldon
Outlander livro 7
6
M Valéria Rezende
Outros cantos
7
M Valéria Rezende
Carta á rainha louca
8
Ambrose Bierce
O rastro de Charles Ashmore
Conto isolado
9
Ambrose Bierce
Um incidente na ponte Owl Crek
Conto isolado
10
Machado de Assis
O machete
Conto isolado
11
Lisa Klein
Ofélia
12
Teresa Sales
Cheiro de Velame
13
Fred Vargas
The accordionist
14
Philippa Gregory
Três irmãs, três rainhas
15
Jenny Colgan
A padaria dos finais felizes
16
Nina George
O livro dos sonhos
17
Armando Lucas Correa
A garota alemã
18
Markus Zusak
O construtor de pontes
19
Saramago
O cerco de Lisboa
Relido
20
Saramago
Memorial do convento
Relido
21
Umberto Eco
O nome da rosa
Relido
22
V Nabokov
Lolita
Relido
23
Ildefonso Falcones
A rainha descalça
24
Ildefonso Falcones
A mão de Fátima
25
Urariano Mota
A mais longa duração da juventude
26
Manuel Pinheiro Chagas
O terremoto de Lisboa
27
Eva Werner
O menino dos fantoches de Varsóvia
28
Nina George
A livraria mágica deParis
29
Ken Follett
Um lugar chamado liberdade
30
Ken Follett
Coluna de fogo
31
Adrienne Monnier
Rua do Odeon
32
Thomas Harding
A casa do lago
33
Saramago
Objeto quase
34
Philip Roth
Quando ela era boa
35
Philip Roth
Operação Shylock
36
Maxim Huerta
Uma loja em Paris
37
Maria Dueñas
As filhas do capitão
38
Ariano Suassuna
Romance de D. Pantero
39
Elena Ferrante
Um amor incômodo
40
Elena Ferrante
A filha perdida
41
AntonioCavanillas de Blas
A amiga de Leonardo da Vinci
42
Jean E. Pendziwol
O farol e a libélula
43
Jennifer Egan
Praia de Manhattan
44
Paulo Cognatti
As oito montanhas
45
Valter Hugo Mãe
A desumanização
46
Valter Hugo Mãe
O remorso de Baltazar Serapião
47
Ana M. Gonçalves
Um defeito de cor
48
Marco Albertim
Conspiração Guadalupe
49
Marcelo M Melo
Adversos Resistentes
50
Hermilo Borba Filho
Agá – Versão vermelha
51
Hermilo Borba Filho
Os ambulantes de Deus
52
W Faulkner
Enquanto agonizo
53
Amós Oz
A pantera no porão
54
Mauro Mota
Crônicas escolhidas
55
Ricardo Braga
A flor lilás e outros contos
56
MargarethAtwood
O conto da aia
57
José Almino Alencar
Gordos, magros e guenzos
58
Walter Isaacson
Leonardo da Vinci
Mitafá
As leituras que lembro ter feito em 2019:
– O Falador, Mario Vargas Llosa.
– Madame Bovary, Flaubert
– Obras Completas, Raduan Nassar
– Werther Goethe
– A Metamorfose, Kafka
– A Lebre com olhos de âmbar, Edmundo Wall
– O Estrangeiro, Albert Camus
– Vivendo com os Mestres do Himalaia, Swami Ajaya( org.)
– Poesia Completa de Fernando Reis, Fernando Pessoa
– Para Viver com Poesia, Mário Quintana
– Infanto juvenis: A Origem do Mundo, Maria Augusta Randon
– Livro das Origens, José Arrabal
– Baús de trocas, Marilene lemos
– A Arte de Contar Histórias no séc.XXI, Cléo Busato
– O Valor Terapêutico de contar histórias, Margot Sunderland (releitura)
– Psicologia Analítica e os contos de fadas, Patrícia Moreira
– A Arte de Encantar e o contador de história contemporâneo e seus olhares, Fabiano Moraes e Lenice Gomes(orgs)
– O ofício do Contador de histórias, Gislayne Matos (releitura)
– Palavra do Contador de Histórias, Gislayne Matos( releitura)
– Seis Passeios pelos bosques da ficção, Humberto Eco
– O Fluxo de Consciência, Robert Humphrey
– Tecendo fios, Campos de Queirós
– O Destino das Metáforas – Sidney Rocha
LUZIA FERRÃO
LEITURAS EFETUADAS/ ANO 2019
A CEIA DOS
CARDEAIS JULIO DANTAS
A CINZA DO PURGATÓRIO OTTO MARIA CARPEAUX
A JORNADA DO
ESCRITOR CHRISTOPHER VOGL
A ÁRVORE (Conto)
MARIA
LUISA BOMBAL
A FLOR LILÁS E
OUTROS CONTOS RICARDO BRAGA
A CHUVA (Conto) SOMERSET MUGHAM
A PAIXÃO
SEGUNDO GH CLARICE LISPECTOR
A TARDE DE UM
ESCRITOR PETER HANDKE
ANTÍGONE SÓFOCLES
A ANGUSTIA DA NFLUENCIA
HAROLD BLOOM
A ILHA
ALDOUS HUXLEI
A INTERPRETAÇAO DOS SONHOS FREUD
ALGUNS ASPECTOS DO CONTO CORTAZAR
A MULHER DESILUDIDA SIMONE DE BEAUVIOR
A SERPENTE NELSON
RODRIGUESS
A VELOCIDADE DA LUZ
JAVIER
CERCAS
ANDANÇAS PELA FICÇÃO LOURDES RODRIGUES
ALMAS MORTAS GOGOL
CANTARES HILDA HIRST
CARTAS A RAINHA LOUCA MARIA VALERIA
REZENDE
CONQUISTA DE BRAGA SARAMAGO
CONTOS DE MACHADE DE ASSIS MACHADO DE ASSIS
CONTOS COMPLETOS FLANERY
O’CONORY
CONTOS DE IMAGINAÇÃO E MISTERIOS
EDGAR ALLAN POE
CONTOS LATINO-AMERICANOS ETERNOS VÁRIOS AUTORES
CRONICA LUANA BERNARDESO
DO RIO QUE TUDO ARRASTA BERTOLT
BRECHT
DE AMOR E TREVAS AMOZ OZ
ENSAIO AUTOBIOGRAFICO JORGE LUIS BORGES
ENTREVISTA HUMBERTO
ECO
ESPERANÇA
EMILY DICKSON
EXPLORADORES, MAIS QUE INVENTORES
ERNESTO SABATO
MADRIGAIS PRIVADOS EUGENIO MONTELE
GRANDE INQUISIDOR (Conto)
DOSTOIEVSKI
HISTORIAS EXTRAORDINARIAS EDGAR ALLAN POE
KAFKA E A BONECA VIAJANTE JORDI
SIERRA FABRA
LUTO E MELANCOLIA FREUD
LAÇOS DOMENICO STARNONEN
MEMORIAL DE BRAS CUBAS MACHADO DE ASSIS
MULHERES SEM NOME MARTHA HALL KELLY
MUNDO CRISTAO E A FUND.DA EUROPA OTTO M CARPEAUX
NO DEPARTAMENTO DOS CORREIOS(Conto) ANTON
TCHÉKHOV
TERRORISTA ELEGANTE E OUTRAS MIA COUTO, J.E.AGUALUSA
O PRÓPRIO SER EU CANTO WALT WHITMAN
O NARIZ GOGOL
OS ESTRANHOS STEPHAN
KING
ODISSEU A TELÊMACO JOSEPH BRODSKY
OBRA ABERTA HUMBERTO ECO
O MACHETE (Conto) MACHADO DE ASSISS
PARA INTRODUZIR O NARCISISMO FREUD
POEMAS JORGE LUIS BORGES
POEMAS ADELIA PRADO
POEMAS
PUCHINK
POEMAS TCHÉCKOV
POEMAS BERTOLT BRETCH
POEMAS MIA COUTO
POEMAS THIAGO DE MELO
POEMAS SOROR INES DE LA CRUZU
RÉQUIEM POR TATIANA
TATIANA
RETRATO DE UM ARTISTA QUANDO JOVEM JAMES JOYCE
SEIS PASSOS PELO BOSQUE DAS PALAVRAS
HUMBERTO
ECCO
SOBRE A TRANSITORIEDADE FREUD VERGÄNGLICKEIT
TODAS AS CRONICAS CLARICE LISPECTOR
UM CORAÇÃO SINGELO FLAUBERT
UM AMOR INCOMODO ELENA FERRANTE
UM LUGAR LIMPO E ILUMINADO ERNEST HEMINGWAY
VASOS COMUNICANTES E CAIXA CHINESA
MARIO VARGAS LLOSA
A Oficina de Criação Literária Clarice Lispector foi criada em 2006, no Traço Freudiano Veredas Lacanianas Escola de Psicanálise. Surgiu de um grupo dedicado às leituras da obra de Clarice Lispector, daí o seu nome. Tem como objetivo o trato com a palavra, dada a sua importância para os estudos literários e psicanalíticos. Seu desenvolvimento está pautado em três linhas básicas: a teórica, a do conhecimento crítico da obra em esNtudo e a da escrita dos participantes seja sob a forma ficcional, poética ou ensaísta.
De quase uma década e meia de encontros às quartas-feiras a Oficina retém registros, diários de bordo sob a forma de livros que recebem o nome de Escrituras. Mais do que simples grafos pretos em papel Escrituras são a memória de um tempo de descobertas, fantasias e palavras tecidas com rigor artesanal, criando perspectivas infinitas de caminhos ou de bosques a serem enveredados.
Escrituras V- Velas a Barlavento traz alguns rastros dos percursos realizados por dezoito participantes da Oficina – de um total de vinte – nos últimos dois anos. São dezoito autores que se inscrevem na história desse tempo com seus poemas, contos, crônicas, ensaios, resenhas e novela.
A Literatura tem sido o traço que dá consistência imaginária ao grupo e a ilusão de completude. Os oficineiros se dizem viageiros pelos mares das palavras, constituindo-se, assim, sujeitos que navegam pelas letras.
Lourdes Rodrigues
Coisas que a Oficina Clarice Lispector vem me mostrando Fernando Gusmão
Na quarta-feira passada, quando estávamos discutindo o boneco da edição do Escrituras5, foi comentado que o livro era muito importante por mostrar os resultados da produção da Oficina nos dois últimos anos. Claro! Naquele material, tão bem reunido em forma e conteúdo, está um pedacinho de cada um de nós. Mas, fiquei pensando que, muito embora o livro materialize e sintetize nossa convivência na Oficina durante aquele período, para mim o convívio —em si— foi mais longe, foi mais rico e bem maior do que o que está mostrado nas Escrituras5. Principalmente porque a partilha semanal que fazemos do tema Literatura se dá na forma de uma roda de conversa, num clima de informalidade e brincadeira, mas, ao mesmo tempo, de seriedade e responsabilidade, onde a ressonância coletiva provoca a construção e a reconstrução de conceitos e de argumentos, através dos diálogos dos participantes —e de cada um consigo mesmo— mas, principalmente por conta da escuta de cada um. São expressas livremente inquietações, opiniões e expectativas. Discutem-se verdades de quem fala, e de todos.
A Oficina demonstra como sábios são os povos que desde a antiguidade já praticavam, e praticam até hoje, o hábito de sentar em roda para resolver conflitos ou para que comemorar festas da comunidade. Mais ainda, para que uma geração aprenda com a outra. Esse formato em círculo possibilita que todos possam ao mesmo tempo se ver e, com paciência e sabedoria, falem e escutem. Ninguém fica fora da roda. Há disponibilidade para ouvir o outro —o que não é comum no nosso cotidiano— pois no círculo, necessariamente, os momentos de escuta são mais numerosos do que os de fala, surgindo daí o silêncio observador e reflexivo. São momentos singulares de partilha onde as opiniões de cada um são construídas a partir da interação com o outro, complementando, discordando ou, até mesmo, concordando. Nessas conversas aparece a compreensão de maior profundidade, de mais reflexão, assim como de ponderação, buscando o franco compartilhamento.
A Oficina é, portanto, um dispositivo que permite a repartição de experiências e o desenvolvimento de ponderações sobre as práticas criativas em um processo mediado pela interação entre os pares, tanto nos diálogos externos, como nos internos. Neste círculo forjam-se opiniões e formas de reviver o prazer da troca e da produção rica de conteúdo e de significado. São experiências pessoais e profissionais que se articulam e que desaguam nas questões da Literatura. E Escrituras V mostra que a reflexão individual não se desenvolve sem o concomitante crescimento da intercomunicação crítica. Por isso, a Oficina, inclusive, muda caminhos.
Outra coisa que me marcou foi constatar que a Oficina vem ensinando que somos sempre narradores em potencial. Mas que não narramos sozinhos: reproduzimos vozes, discursos e memórias de outras pessoas, que se associam à nossa no processo de rememoração e de socialização, numa construção coletiva de significados. Cada um de nós sendo, assim, também protagonista do aprimoramento literário que os demais vivenciam. Isso faz brotar o pensamento capaz de levar à compreensão e à reelaboração de conceitos e de conhecimentos sobre o criar literário.
E, assim, a conversa vai seguindo criativa e divertida… Em um modelo ganha/ganha em que o contentamento e a alegria estão sempre presentes.
. O que a Oficina faz por mim
Elizabeth Freire
Fui conhecer a Oficina numa quarta-feira de agosto de dois mil e dezoito, para ver se gostava. Não gostei. Amei! Posso dizer que foi paixão à primeira visita. O ambiente é muito agradável, acolhedor. Duas coisas me cativaram: a seriedade como os trabalhos são conduzidos e as pessoas do grupo que são bastante generosas umas com as outras. Mesmo as mais avançadas fazem questão de dividir seu conhecimento com os iniciantes na arte de escrever. Todas as quartas-feiras, nós, os viageiros, somos transportados por uma nau mágica, sob o comando de Lourdinha, para uma tarde de navegação pelo mundo das palavras. Contar uma história pode até ser fácil, mas transmitir emoções, fazer o leitor sorrir, chorar, torcer, rezar, sofrer, é uma tarefa difícil, ao menos para mim. Fazer tudo isso de uma forma original, buscando um estilo próprio, tem sido percorrer uma estrada sem saber se chegarei ao meu destino. Graças à Oficina voltei a ler com a assiduidade perdida ao longo dos anos. Encontrei uma atividade instigante, que exige criatividade, dedicação e perseverança. Conheci pessoas inteligentes, sensíveis e dispostas a se ajudarem mutuamente. Estou com mais de sessenta anos. Faz pouco tempo que perdi meu amor, meu companheiro de toda uma vida. Sigo em frente, sempre acreditando que nunca é tarde para sonhar. Decidi trilhar o tortuoso, lindo e mágico caminho das palavras. Talvez nunca seja de fato uma escritora, mas o coração e a mente estão abertos e plenos de emoção. Obrigada a todos que fazem a Oficina navegar.
O lançamento de Escrituras V – Velas a Barlavento foi uma grande festa! As pessoas foram chegando devagar, ocupando os espaços e quando nos demos conta quase não podíamos circular tão cheia estava a livraria da Praça de Casa Forte, local do lançamento. Amigos novos, amigos de sempre, amigos que não víamos há muito tempo reforçando sentimento antigo de amizade. Companheiros de luta, de ideias, de paixão pela Literatura. Ouvi dos outros autores as mesmas falas sobre os seus convidados ali presentes. Uma festa, uma grande festa! Segundo um amigo, deveria ter sido em outro lugar, bem mais amplo, para que todos coubessem com certo conforto. Não sei. Aquele lugar lindo e adorável da Livraria não nos deixava sentir o desconforto da circulação difícil, antes dava-nos sensação de aconchego, e a grata possibilidade de sentir cheiros e ouvir sons agradáveis e conhecidos. Encantado, outro amigo me disse, você jamais conseguirá repetir esse lançamento: isso foi um grande acontecimento! Concordo que foi um grande acontecimento. Assim foi registrado na nossa Carta de Navegação. Quanto a não ser capaz de repetir, acredito. Nada se repete. Sequer nós seremos os mesmos num próximo lançamento. O próximo terá o seu brilho particular, as suas sutilezas, e registrará outras viagens, outros percursos porque com as velas a barlavento a nossa nau continuará a singrar outros mares em 2020.